O excesso de música mata o ouvinte

No panorama da World Music, o Festival Raízes do Atlântico está entre os três mais antigos do país. Apoiado institucionalmente (e financeiramente) pela Direcção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC) é produzido por uma empresa local e por isso as mais valias económicas da sua realização ficam por cá. A edição de 2011 está calendarizada desde Dezembro, incluída na programação oficial da DRAC e marcada para 21, 22 e 23 de Julho, no Jardim Municipal.

O Funchal Music Fest (FMF) "nasceu" este ano, fruto do esforço de um grupo de jovens empresários madeirenses. Satisfazendo uma lacuna visível no cartaz de actividades lúdicas e de lazer relacionadas com a música (pop e rock), tem como objectivo tornar-se um evento anual de referência na área. Com apoio institucional da Câmara Municipal do Funchal, decorrerá a 20 e 21 de Agosto no Parque de Santa Catarina.

Se tudo isto é certo, expliquem-me como é que a mesma Câmara Municipal do Funchal autoriza e apoia um festival de música Pop no Parque de Santa Catarina a 22 e 23 de Julho (nas mesmas datas, portanto, do "Raízes") que terá dois efeitos facilmente previsíveis:

- Contribuirá para matar o "Raízes do Atlântico", uma vez que o Parque de Santa Catarina e o Jardim Municipal distam 100 metros um do outro. Imaginem a "bela" voz do Abrunhosa a sobrepor-se aos instrumentos acústicos da World Music. Que fantástica sopa de sons será a baixa do Funchal naquela noite!

- Contribuirá para dar uma forte machadada no Funchal Music Fest, já que eu não acredito que haja público para dois "mega-festivais" com um mês de distância um do outro. Atendendo à capacidade de comunicação e aos bilhetes "a dez euros" da TMN, é fácil perceber quem perderá: todos nós.

Isto resulta de quê? na minha opinião, de uma cedência a uma grande empresa - TMN - de pura desorganização e da inexistência, numa Região (quase) do tamanho de bairro de Benfica, de uma organização que, envolvendo as câmaras, o Governo Regional e os privados, contribua para organizar e comunicar o calendário regional de eventos, terminando com as sobreposições que numa terra pequena são absolutamente nefastas. E fatais para os "loucos" que ainda teimam em investir na área da cultura e do lazer.

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