Um referendo à independência

Confesso: estou a ficar mais velho e, acto reflexo, com menos paciência para as patacuadas com que alguns senhores nos enchem os dias. Uma delas, talvez a maior, é a suposta existência de um movimento que defende qualquer coisa com a independência da Madeira, movimento esse que só aparece, por generosa coincidência, quando o Governo Regional reivindica o de sempre: mais dinheiro de Lisboa.

Utilizado como arma de arremesso político, o dito "movimento" enfeita a nossa existência de bandeiras azuis e amarelas, tem acidentes de automóvel, permite que um dinaussárico Drumond e que outros senhores como ele debitem as suas verdades, de dedo em riste, sobre a autonomia e dá a Jardim a possibilidade de brilhar enquanto... "moderado", imagine-se.

A imprensa do continente já percebeu e dá "à coisa" o destaque que têm as coisas menores, como os assaltos a pastelarias na Rinchoa ou a operação da ASAE que apreendeu 22 pares óculos contrafeitos na feira da Baixa da Banheira.

Aliás, é a isto que está reduzida a Madeira na imprensa nacional, a uma "coisa menor", fruto de anos de sucessivos disparates discursivos (na forma e no conteúdo) que descredibilizaram por completo algumas das justas reivindicações insulares (mas isso é outro debate).

Voltando às bandeiras e a outras coisas que tais, eu defendo ardentemente uma solução que acabe de vez com estas simpáticas "aventuras": um referendo à independência da Madeira. Era agradável perceber, de uma vez por todas, que as reivindicações independentistas devem fazer eco em pouco mais de 10% dos madeirenses, deixando de poder ser irresponsavelmente utilizadas como arma de arremesso para conseguir cedências do estado central.

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