O brasileiro Cazuza tem uma canção onde diz qualquer coisa como isto: “eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades”. Não creio que o homem alguma vez tenha vindo cá, mas se fosse vivo e pudesse aterrar no aeroporto da Madeira Nova os primeiros versos que lhe viriam à cabeça seriam os supra-citados. Basta olhar em volta e perceber que tudo muda para tudo fique na mesma, como diria o príncipe Falconeri, personagem de Tomasi di Lampedusa, que viveu entre as páginas de “Il Gattopardo”. Por cá, a resistência ao novo é fascinante. É-o na área da cultura, onde qualquer proposta apresentada e que fuja ao lugar comum é um “Ai-Jasus –que-não-pode-ser-porque-o-senhor-presidente-não deixa-o- senhor-secretário-não-gosta-e-o-senhor-director-sai-às-cinco-e-meia”. É-o nos sindicatos. É-o na política, onde o PS-M e PSD-M e a CDU apresentam listas que são um museu de grandes novidades, “carregadas” de gente que por cá anda há “mil-e-tal-anos” e que dificilmente percebe que o mundo mudou e, honestamente, não foi para que tudo ficasse na mesma. É-o no Governo que carregamos, disciplinadamente, desde que nos lembramos, onde o estilo “old-fashion” das gravatas dos secretários, bem compradas na década de 1980, mostram bem a abertura à novidade. Esta ilha precisa de um abanão. De novas ideias, de novos paradigmas de análise e de acção. Mas não com estas “imagens”, que tal como as de um velho álbum de retratos viram o tempo roubar-lhes a definição, personagens que são como a “Vanessa”, dos Punk D’amour. Se ela, a “Vanessa”, acha que tem “o direito divino ao Cristiano Ronaldo”, as nossas vanessas acreditam ter o direito divino ao poder e à glória. Sic transit gloria mundi!
Artigo publicado na edição de 18 de Agosto de 2011 do Diário de Notícias
Artigo publicado na edição de 18 de Agosto de 2011 do Diário de Notícias
Comentários
Enviar um comentário