Irresponsabilidade para além do admissível

Há limites para a irresponsabilidade que naturalmente, para aqueles que exercem cargos políticos de relevo são ainda mais apertados. Ontem, o presidente do Governo Regional procurou explicar a crise visível nas negociações entre a Região e a República sobre o plano de resgate utilizando irresponsavelmente o (mau) exemplo do comportamento de energúmenos identificados como membros da claque de um clube de dimensão nacional, que insultaram a comitiva do CAB, justificando assim uma alegada "má vontade" do continente e dos portugueses do continente para com a Madeira.

Jardim procurou, mais uma vez, exponenciar as naturais e saudáveis rivalidades entre portugueses das ilhas e do continente, igual às que existem, por exemplo, entre portuenses e lisboetas, alentejanos e algarvios, beirões do interior e do litoral, transformando-as numa espécie de "clivagem radical" que põe inclusivamente em causa a unidade nacional.

Quem age assim fá-lo com um grau de irresponsabilidade muito para além do admissível, principalmente porque quando o faz é em nome de um projecto que não é mais do que uma tentativa desesperada de manutenção de poder.

Exemplificar a atitude dos portugueses do continente para com os portugueses da Madeira utilizando para isso actos imbecis de membros de uma claque é, repito, de uma irresponsabilidade a toda a prova, que as dificuldades negociais não justificam de maneira nenhuma. Tentar tapar erros políticos com declarações que, elas sim, minam a unidade nacional é absolutamente condenável.

Já agora, será que o sr. presidente do Governo ainda se lembra do 20 de Fevereiro e da imensa onda de solidariedade que se abateu sobre o país, quase tão grande como o temporal?

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