sobrevoa a cidade uma angústia com a forma
de pássaro negro
com o vento escutam-se gemidos sussurros
lamentos doloridos de outros tempos
se abrirmos as janelas descortinaremos vultos
vagarosos
procurando-se no nevoeiro
ao longe há florestas e colinas serpenteadas de estradas
um rumor de quintas em dia de trabalho
um clamor de igrejas numa manhã de domingo
é possível que alguém reclame o sangue
o branco do algodão queimando dedos frágeis
uma lágrima de transparente estertor
molhando a terra
um grito devasta a pradaria espantando as aves
rebentando as algemas
e onde havia penumbra e medo
deposita os acordes luminosos de um piano
e rega-os com a voz
como se fossem flores
disfarçadas de poemas
José António Gonçalves
(hoje lembre-me do José António. Não sei porque ráio de carga de água. Lembrei-me, apenas. A memória é um espaço estranho).
de pássaro negro
com o vento escutam-se gemidos sussurros
lamentos doloridos de outros tempos
se abrirmos as janelas descortinaremos vultos
vagarosos
procurando-se no nevoeiro
ao longe há florestas e colinas serpenteadas de estradas
um rumor de quintas em dia de trabalho
um clamor de igrejas numa manhã de domingo
é possível que alguém reclame o sangue
o branco do algodão queimando dedos frágeis
uma lágrima de transparente estertor
molhando a terra
um grito devasta a pradaria espantando as aves
rebentando as algemas
e onde havia penumbra e medo
deposita os acordes luminosos de um piano
e rega-os com a voz
como se fossem flores
disfarçadas de poemas
José António Gonçalves
(hoje lembre-me do José António. Não sei porque ráio de carga de água. Lembrei-me, apenas. A memória é um espaço estranho).
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