A sacrossanta glória da burrice!

Albert Camus dizia que a estupidez insiste sempre. Por cá, insiste, por exemplo, em destruir as zonas mais bonitas que temos para fazer marinas e pirosos campos de golfe que se transformam em imensos buracos, crateras monumentais que nos revelam, com toda a sua dureza, a forma como aqueles que nos governam gerem aquilo que é de todos nós e o património que temos obrigação de deixar às gerações vindouras.

Porque a estupidez insiste sempre, às vezes temos vontade de deixar de insistir no óbvio, ou seja, que não se devem começar obras sem saber se as poderemos terminar e, mais importante do que isso, que uma estratégia de desenvolvimento implica, como diria La Palisse, estratégia, que por definição assenta na necessidade de não separar a organização e o meio envolvente e que basicamente é, tão só, o conjunto de decisões coerentes, unificadoras e integradoras que determina e revela a vontade em termos de objectivos de longo prazo, programa de acções e prioridade na afectação de recursos.

De facto, a estupidez insiste sempre. Mas espero que Camus esteja errado e que um dia, a estupidez deixe de insistir, ou por cansaço ou porque nós, todos nós, a tenhamos obrigado a desistir.

Por enquanto, como diria o Tom Zé, “senhoras e senhores, se neste momento solene não lhes proponho um feriado comemorativo para a sacrossanta glória da burrice, é porque todos os dias, graças a Deus, ela já é gloriosamente festejada!”.

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