Uma entrevista com muitos "esquecimentos"


A longa entrevista do sr. vice-presidente do Governo Regional, publicada hoje no Diário de Notícias, é, indiscutivelmente, um momento perdido de comunicação. Em quase três páginas, não há uma novidade. Que a Lei de Meios deve ser respeitada é uma posição que já fora referida pelo próprio no debate do Programa de Governo e que, diga-se de passagem, foi trazida ao debate pelo CDS-PP e defendida pelo partido na campanha eleitoral para as eleições de 9 de Outubro. A explicação para mais 20 milhões de euros deitados ao mar na Marina do Lugar de Baixo é, no mínimo, caricata e nem merece grandes comentários. Basta ler as palavras de Cunha e Silva para perceber esta minha afirmação.

A única parte relevante da entrevista é a "alfinetada" - em madeirense, eu diria "cacetada" - na Câmara Municipal do Funchal (CMF). Com alguma habilidade, o governante "isola" Bruno Pereira separando-o do resto do elenco camarário e diz, basicamente, que a autarquia (com excepção do referido Bruno Pereira) foi irresponsável na gestão do dossier do Lido. Esperam-se as cenas dos próximos capítulos porque, das duas uma, ou Cunha e Silva tem razão e a CMF terá de assacar as responsabilidades políticas sobre a matéria, ou não tem e a resposta vinda dos lados do Largo do Colégio vai ser dura. Amanhã saber-se-á.

Quanto ao resto, chamou a si diversos méritos - fui eu quem foi buscar dinheiro, diz, fui eu quem derramou dinheiro pelas empresas, entusiasmou-se - e não assumiu qualquer responsabilidade no estado caótico a que as finanças, a economia e as referidas empresas da Madeira chegaram (apesar do dinheiro que JCS diz ter espalhado por aí). Nada mau para quem tutela, há oito anos, as áreas económicas!

Confortavelmente, Cunha e Silva não fala das dívidas colossais das sociedades de desenvolvimento, das dezenas de obras das ditas, que iriam transformar a "Madeira Nova" na "Madeira contemporânea", sem utilização total ou parcial, por manifesta inutilidade. Esquece-se do desastre que é o Tecnopolo e do falhanço total da maioria dos projectos que iriam transformar esta bela ilha na "Singapura do Atlântico".

Em resumo, às vezes é melhor não dizer nada!

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