Bamba de Freitas a Caminho das Estrelas

Bamba Djaló, imaginário pintor guineense a habitar numa Elvas imaginária, pode candidatar-se a um programa de apoio à internacionalização da Cultura Portuguesa promovido pela Secretaria de Estado da Cultura, entidade que também ocupa um limbo entre o imaginário e o real. Nada contra, antes pelo contrário. A cultura portuguesa não se resume às propostas culturais feitas pelos portugueses, é a cultura produzida em Portugal - e no espaço lusófono, arrisco-me eu a dizer - por quem escolheu, num óbvio dia de desgraça, a nossa simpática parcela de mundo para viver.
Joaquim de Freitas, imaginário pintor que vive na Madeira ou nos Açores - para o caso tanto faz - não se pode candidatar a um programa de apoio à internacionalização da Cultura Portuguesa. Só porque, imagine, caro leitor, habita o espaço insular e assim sendo, a Secretaria de Estado da Cultura não lhe permite a veleidade de apresentar projectos para levar os seus rabiscos à "estranja".
Dormitando placidamente, a imaginária Secretária Regional do Turismo e Cultura não mexeu uma palha para tentar resolver o assunto. Balzac dizia não haver dor que o sono não solucione. Mas convém, ainda que só de vez em quando, abrir os olhos. Nem que seja para tentar perceber, como canta o meu amigo Filipe Ferraz, a nossa posição em relação às estrelas. "I want reggae, ou a revolução", tanto faz. Desde que nos acorde a todos.

Diário de Notícias (Madeira) 2012-06-18

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