Mauricio ou as eleições sentimentais

De Eduardo Mendonza, retrata a desilusão da sociedade espanhola na década de 1980. Quase dez anos passados sobre a queda do franquismo, com Espanha mergulhada numa crise económica dolorosa, a utopia causada pela morte do ditador esvanecia-se rapidamente. Maurício Greis, personagem central do romance de Eduardo Mendonza, é a personificação de uma geração desiludida, perdida entre clichés revolucionários e um mundo que mudava demasiadamente depressa.

Tudo muda para que tudo permaneça, parece dizer-nos Mendonza, a cada página da obra.

Não sendo um esteta, apesar de escrever com elegância, o escritor espanhol é, no entanto, um fantástico observador do real, propondo sempre uma reflexão sóbria sobre o tempo que retrata.

"Maurício, ou as eleições sentimentais", editado em Portugal no "longínquo" ano de 2008, pela ASA, não foge à regra e, embora não seja uma obra-prima, é um belo romance, sobre um tempo que, de certo modo, é muito parecido - por razões diferentes, mas talvez comparáveis - ao tempo em que vivemos. Em Espanha, mas também em Portugal.

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