Os dispensáveis

Neste momento, o país e a Região necessitam urgentemente de definir estratégias de desenvolvimento sólidas e duradouras. Na República, é perfeitamente impensável que findo cada ciclo de quatro ou oito anos sejam alteradas, por vezes radicalmente, as definições estratégicas em áreas nucleares como são a educação, a saúde e, embora em menor grau, a economia e as finanças.

Na Região, o cenário é ainda pior. Por nunca ter havido a cultura do diálogo, da negociação, da transparência nos processos de tomada de decisão política, temos uma Autonomia e um sistema social, económico e político que são, apenas, de um partido.

Sem questionar a legitimidade do PSD - erro muito comum a algumas correntes da oposição - a verdade é que, nos dias que correm, faz-nos falta essa cultura de diálogo e de transparência.

No Funchal, é fundamental perceber que matérias nucleares como a própria Autonomia, como o Turismo e como o Centro Internacional de Negócios da Madeira devem ser geridas segundo definições estratégicas de médio-longo prazo, negociadas entre os três partidos do chamado "arco do poder" - CDS, PSD e PS - sob compromisso de, aconteça o que acontecer em termos de governação, não serem alteradas.

Sem querer condicionar o exercício da democracia por parte dos cidadãos, é impossível, neste momento tão duro da nossa vida colectiva, continuar a perspectivar o futuro com as premissas que foram válidas, com os resultados que todos conhecemos, até agora.

É absolutamente vital criar uma nova cultura política que incorpore os valores supracitados sob pena de, por um lado, não sermos eficazes na tomada de decisão e por outro afastarmos cada vez mais os cidadãos da actividade política.

São fundamentais consensos e a definição de estratégias de médio-longo prazo para o turismo, para o CINM e para a Autonomia (sistema político). Mas para que aconteçam é urgente implementar a já referida cultura de tolerância.

Nesse sentido, há políticos, de todas os quadrantes, que não estão preparados para o futuro, fruto da manifesta incapacidade para ouvir o outro, para negociar e para concertar posições.

Se Alberto João Jardim e Jaime Ramos serão os exemplos mais flagrantes, a verdade é que, geneticamente, são muito parecidos a José Manuel Coelho ou a Carlos Pereira. São, de facto, muito similares na forma de encarar o debate político.

A Madeira não precisa deste tipo de política e de políticos. É urgente mudar a forma de encarar a governação e a dialéctica inerente ao debate da "coisa pública". Para isso, alguns dos actuais protagonistas devem ser "removidos", saindo de cena. Porque são manifestamente nefastos para a Região. Creio que mais cedo ou mais tarde os cidadãos irão percebe-lo.


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