Critérios Claros

O Festival de Cinema do Funchal corre o sério risco de não se realizar. O Grupo "Dançando com a Diferença" corre o risco de fechar. Em tempo de crise, dizem alguns, "que se lixe a Cultura". Em tempo de crise, digo eu, apostemos na Cultura. Apostemos na Cultura como elemento diferenciador e como actividade potenciadora de emprego e de riqueza. Apostemos na Cultura como agregadora de mais-valias para a principal actividade da Região, o Turismo. Mas façamos uma aposta séria, que não passa exclusivamente pela "injeção de dinheiro" mas passa também pela transformação das instituições públicas em facilitadores dos processos criativos. Quem habitualmente acompanha o que escrevo, sabe que não sou um defensor de modelos que criem uma actividade cultural fortemente subsidiada. Entendo que um estado, ou uma região, devem apoiar a cultura através da criação ou disponibilização de infraestruturas, através de uma aposta correcta na educação cultural dos seus cidadãos e através da disponibilização de verbas destinadas a apoiar aquilo que definiria como cultura para minorias e eventos que reconhecidamente tragam mais-valias financeiras directas. De resto, deve ser um facilitador, desburocratizando processos, facilitando contactos e agilizando as ligações entre diversas instituições. É essa a aposta que tem de ser feita na Madeira. Numa época de crise, a falta de verbas não pode servir de desculpa para que se deixem morrer eventos como o Festival de Cinema do Funchal ou instituições como o "Dançando com a Diferença", pela importância que podem ter para a promoção externa da Região. Não há dinheiro? Utilize-se a imaginação. Dialogue-se com as organizações procurando perceber de que forma é possível mantê-las vivas estabelecendo, por exemplo, pontes com parceiros privados. Defina-se que tipo de projectos devem ser apoiados, com critérios objectivos e conhecidos por todos os intervenientes. Com critérios claros.

(Artigo de opinião publicado no Diário de Notícias da Madeira - 2012-09-19)

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