É cinema, estúpido!


Entre Janeiro e Setembro de 2012, Lisboa recebeu 472 mil euros provenientes de taxas resultantes da produção de filmes publicitários na cidade, avança hoje o Económico. Às verbas directas, devem somar-se os resultados dos efeitos da promoção da cidade através das imagens transmitidas, bem como os efeitos económicos da presença de equipas de filmagens que durante dias dormem, comem e divertem-se na cidade.

Mensalmente, entraram nos cofres da Câmara Municipal de Lisboa (CML) 52,4 mil euros, uma subida de 450% em relação ao período homologo.

Reportando-nos agora aos efeitos económicos da presença das equipas, temos números verdadeiramente impressionantes. Durante o período de filmagens para um anúncio da Mercedes foram gastos 400 mil euros entre estadias, alimentação, caterings, actores, técnicos,etc. Mas isto não é nada quando comparado com os 4,4 milhões de euros que a produção da longa-metragem "O Combóio Nocturno para Lisboa", com Jeremy Irons, que estreia no próximo ano, deixou na capital. Mais dois dados interessantes: a referida produção mobilizou 70 técnicos portugueses e custou, à autarquia, 100 mil euros em apoios diversos. É o que se chama um negócio da China.

Com estes números, a Câmara Municipal de Lisboa decidiu reforçar o apoio à independente Lisboa Film Commission, criando ainda o Balcão Iniciativa Lisboa, substituindo todas as taxas e licenças por um acto único e garantindo respostas em três dias úteis.

Por cá, o que faz a Senhora Secretária do Turismo e os responsáveis pela promoção do destino turístico? Ignoram a Film Commission, desconhecem que a Madeira tem condições únicas para filmagens - luz, paisagem, facilidade nas ligações, proximidade com o continente, património construído com algum interesse, clima, etc - e que, de facto, o cinema e a indústria audiovisual podem ser um veículo de angariação de receitas e de promoção muito mais interessante, por exemplo, do que o futebol.

Talvez um dia a "gente vai-se perceber" que o mundo vai para além da Ponta de São Lourenço (ou Ponta do Pargo, dependendo do lado escolhido) e que existem formas criativas de promover a Região que não estão a ser utilizadas por manifesta inépcia política.

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