Notícias sobre a morte

Não gosto, por norma, de anunciar a morte política de quem quer que seja. A vida muda tanto e tão depressa que quando me sinto tentado a faze-lo lembro-me sempre da frase de Mark Twain, que disse uma vez serem as notícias sobre a sua morte "manifestamente exageradas". No entanto, as eleições de ontem no PSD-M tentaram-me nesse sentido. Porque objectivamente, Alberto João Jardim (AJJ), neste momento, já nem vale metade do seu partido.

As declarações que fez após uma vitória que o rei Pirro não desdenharia chamar a si são o exemplo da sua actual valia política. O problema, disse, referindo-se à votação do seu rival, foi aquele PSD que não foi chamado a cargos. Esse PSD vingou-se, esgrimiu, assumindo assim que aqueles que nele votaram fizeram-no por puro interesse pessoal. É isso que neste momento vale AJJ, ou seja, vale na proporcionalidade dos cargos que ainda consegue assegurar. Como haverá cada vez menos lugares, o poder de Jardim vai desaparecendo a olhos vistos, sendo certo que daqui a muito pouco tempo ninguém escreverá ao coronel.

Para além de Jardim, que valem e quem representam os deputados do PSD? Vejamos, os eleitos da Calheta e de São Vicente não têm representatividade política.Os eleitos do Funchal (a maioria) foram goleados por 9-1.

E Bruno Pereira, que valerá o candidato oficial de Jardim? Muito pouco, atendendo aos resultados na capital.

Manuel António, por seu lado, diz que avançará com a candidatura, sem se ter apercebido daquilo que há muito tempo muitos sabiam, ou seja, que Jardim o arrastou para uma queda sem, aparentemente, retorno possível.

Voltando a Twain: "as notícias sobre a minha morte são manifestamente exageradas". Pois é, caro Mark, mas olha que um dia, as notícias confirmam-se mesmo.

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