Bruxelas II


Cena 2 - A Casa

Uma visita anterior mostrara-me onde ficava a casa, um rés-do-chão de um prédio sem graça, debruçado sobre uma praceta sem graça, entre a Catedral e a Grand Place. Mesmo assim, andei perdido. Experimentei vários percursos. Subi até à estação central, atravessei as Galerias Saint-Hubert, perguntei aqui e ali, embora sem grande convicção. Entre a estrada e o ponto de chegada, por norma gosto mais da estrada.

Encontrei a casa quando desistira de procurá-la. Entrei quando estava quase fechada. Paguei cinco euros por uma espécie de MP3 emprestado, que me procurava mostrar, contra muitas evidências, o quão Brel gostava da Bélgica e de Bruxelas.

Ouvi Le Plat Pays e saí. Cumprira o rito.

Enquanto me embrenhava nas ruas estreitas de uma cidade cinzenta que sabe sempre a modéstia e a recato, lembrei-me de Les Bonbons

Je vous ai apporté des bombons
Parce que les fleurs c’est perissable
Puis les bonbons c’est tellement bon
Bien que les fleurs soient présentables
Surtout quando eles sont en boutons
Mais je vous ai apporté des bombons

J’espère qu’on pourra se promener
Que madame votre mère ne dira rien
On ira voir passer les trains
A huit heures je vous ramènerai
Quel beau dimanche pour la saison
Je vous ai apporté des bonbons


Vous avez vraiment aimé la Belgique, Monsieur Brel?


Comentários