Dry Cultura

"My name is Silva. João Henrique Silva". Poderia começar assim o filme da Cultura na Região, em 2013. O sector tem 3,6 milhões de euros orçamentados, sensivelmente o mesmo que o omnipresente Jornal da Madeira, ou seja, 0,7% do valor do investimento plurianual inscrito no PIDAR. Recordo que em 2008, o valor orçamentado para a Cultura era de 6,4 milhões de euros. Nota-se pois uma simpática e contínua tendência para a descida. Estou por isso em crer que o Director Regional da Cultura terá, efectivamente, de ter poderes de 007 para, pagas as despesas de funcionamento, desenvolver o que quer que seja de política cultural! Basicamente, restará (a)pagar a luz e, eventualmente, fechar a porta ao som do bailinho assobiado em dó maior. Já o escrevi antes, não sou particularmente adepto nem da existência da DRAC, nem sequer de uma cultura fortemente subsidiada. Defendo que o sector deve ser transversal e encarado como tal, deve procurar desenvolver redes de trabalho e de parceria internas e externas, deve, enfim, ser encarado de forma efectivamente profissional. Mas as mudanças não se fazem num dia, devem ser graduais e bem planeadas. Como na Região nunca se pensou em mudar o paradigma da gestão cultural, vivendo-se ainda na lógica do apoio público dado sem critério, à luz de vontades políticas, um corte desta natureza contribuirá para afunilar ainda mais os apoios, matando à nascença projectos que poderiam ter algum interesse e para os quais, às vezes, sobrava "umas patacas". Basicamente, resta beber um Dry Martini (ou à madeirense, um copo de vinho seco) para ganhar coragem de lutar por novos tempos, nos quais a cultura e a criatividade possam ser geridas como se estivéssemos efectivamente no século XXI.

Artigo na edição de hoje do Diário de Notícias da Madeira

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