Novembro





Novembro, de Jaime Nogueira Pinto, é antes de mais um bom romance. Bem escrito, sem exageradas pretensões estilísticas, com uma trama bem urdida, com personagens bem construída, com uma narrativa viva. Mas Novembro é bem mais do que isso. É um (quase) romance histórico no qual se relata a vivência daqueles que, no 25 de Abril, efectivamente perderam. Do Portugal que em 1974 ficou para trás e de quase todos os seus tipos-ideais.

Da alta burguesia financeira, que se adaptou rapidamente à nova situação, aos idealistas da direita daquele tempo - dos mais velhos aos mais jovens -, passando por alguns ramos militares, por saudosistas da pátria, do império e da velha ordem, todas as correntes que procuraram, de alguma forma, resistir ao novo país que lhes era apresentado estão representadas em Novembro.

É fácilmente perceptível que Jaime Nogueira Pinto é uma das personagens do romance. Alexandre, o pequeno burguês idealista, fechado num mundo de livros e de heróis e de feitos épicos, a quem o exílio dá dimensão.

Novembro é também um acto de coragem. Num país onde é sacrilégio questionar-se as razões que conduziram ao 25 de Abril, onde poucos ousam debruçar-se sobre aquilo que realmente mediou a data da revolução e o 25 de Novembro, sobre as tentativas de implementar uma ditadura marxista, à qual se opunha a esmagadora maioria da população portuguesa, Jaime Nogueira Pinto enfrenta as verdades feitas vendidas há décadas.

Comentários