Uma ideia perigosa

Hoje, no Jornal da Madeira, Luis Filipe Malheiro escreveu, e passo a citar:

Mas como estamos a abordar o futuro da comunicação social do estado na Madeira, e porque só me parece haver uma solução plausível e com viabilidade - a criação de uma empresa multimédia, com diferentes ramificações, se quiserem uma "holding" comunicacional regional - parece-me perfeitamente normal, aliás recomendável, que o Jornal da Madeira, detido maioritariamente pela, região, seja envolvido neste projeto empresarial, preenchendo a componente "imprensa" naquela empresa regional a ser criada, caso seja essa a opção a escolhida e caso este cenário, sobre o qual me venho baseado, corresponda à realidade. Ou seja, para os 4 meios de comunicação social, estimo cerca de 230 a 240 postos de trabalho e custos que anualmente ascenderia a 15 milhões de euros, montante que posteriormente acabaria por ser gradualmente inferior à medida que os ajustamentos fossem feitos.

Eis aquilo de que tenho medo, ou seja, que o Governo Regional começar a controlar, para além do Jornal da Madeira, a rádio e televisões públicas a operar na Região. Parece-me claramente ser esse o objectivo de Alberto João Jardim.

De forma inteligente, o articulista refere os postos de trabalho, avançando que a manutenção dos mesmos depende da tal "holding" de que fala. Não, meu caro Filipe, não depende. Depende, isso sim, do Governo da República assumir as suas responsabilidades e manter o serviço público estatal de televisão e de rádio na Madeira e nos Açores. E de ter coragem, de uma vez por todas, de impedir que governos regionais e câmaras municipais detenham meios de comunicação social. Porque a democracia depende, em absoluto, do pluralismo da imprensa.

Um Governo de cujo Presidente afirma, textualmente, não me venham com essa treta da liberdade de imprensa mostra o desrespeito que tem pela mesma, não podendo nunca ser premiado com o controle de mais meios de informação.

De uma vez por todas, o Estado deve assumir a sua responsabilidade no garante das condições para o bom e regular funcionamento das instituições democráticas em todo o território nacional, e não apenas no continente português.

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