Berlin Alexanderplatz (e pão com azeitonas)




Este livro relata o que se passou em Berlim com um tal Franz Biberkopf, em tempos trabalhador dos cimentos e do transporte de mobílias. Acaba de ser libertado da prisão, onde foi parar por ocorrências antigas, está de novo em Berlim e quer ser um homem decente.

E consegue-o, de inicio. Mas depois, embora as suas finanças estejam sofríveis, vê-se envolvido num combate à séria com algo que vem de fora, que é imprevisível e mais parece um destino.

Por três vezes aquilo acomete contra o homem e perturba o seu plano de vida. (...) Aquilo embate contra ele e sova-o infamemente. Já só com dificuldade se consegue erguer, está praticamente fora de combate.

Por ultimo, aquilo torpedeia-o com extrema, monstruosa crueza.

Assim, o nosso bom homem, que até ao fim se conseguiu manter direitinho, acaba por ser liquidado.


Começa assim um dos mais admiráveis romances europeus do século XX, Berlin Alexanderplatz, do alemão Alfred Doblin, que ando a reler.

Um romance escrito num estilo quase jornalístico, como era característico dos expressionistas alemães dos anos que antecederam o nazismo e que mostra, de forma crua, a realidade das classes trabalhadoras de uma Alemanha derrotada na Primeira Grande Guerra.

Uma obra que eu, humildemente, aconselho. Sobretudo àqueles que exigem mais da vida do que pão com azeitonas.

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