Bola colorida?


Mesmo não acompanhando o futebol como antes, "cheira-me" que o Messi hoje ganha a "Bola de Ouro", o que me parece injusto face aos resultados de Cristiano Ronaldo a época passada - Campeão de Espanha, semi-finalista do Euro - quase sempre com exibições de excelência. Não entro numa lógica de vitimização clubística - género o "Barça tem mais força nas instâncias internacionais" - ou mesmo nacional, que repete o argumento anterior mas utilizando a imagem da Argentina como potência mais forte do que Portugal. Mas confirmar-se a minha previsão, parece-me haver aqui uma espécie de castigo à postura pública de Ronaldo, que chega até ao público mediada pela imprensa, e um prémio à de Messi. Mais exuberante o Madeirense, género "estrela pop", mais contido o argentino, que tem e terá sempre ar de bom rapaz. No fundo, é assim a sociedade do espectáculo, constrói semi-deuses em série, alimentando-se em igual proporção da sua ascensão e da sua queda. A derrota de Ronaldo vende muito mais do que a vitória de Messi. A expressão de desalento de um semi-deus caído oferece sempre uma melhor fotografia do que a sua vitória. Isso nada tem a ver com o profissionalismo de Ronaldo ou de Messi, que ao nível a que jogam é certamente irrepreensível. Tem pouco a ver com a qualidade do jogo de cada um - ambos estão léguas à frente dos restantes. Tem mais a ver com a lógica mediática de premiar para depois fazer cair. É assim que o mundo pula e avança. Esqueçam a lógica da bola colorida.

Comentários