Desafinámos, mais uma vez...

Artigo de opinião publicado na edição de hoje do Diário de Notícias da Madeira.


Brevemente, se não houver nova candidatura a fundos comunitários ou se uma eventual candidatura não for aprovada, a programação do Centro de Artes - Casa das Mudas poderá ser garantida pela exaurida Direção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC), pelo Conservatório e basicamente, "por quem se quiser chegar à frente". O que a acontecer transformará em local aquilo que foi projetado para ser global, e será mais uma prova daquela que tem sido a política cultural de quem governa, que desde sempre entendeu a Cultura como uma espécie de "feira de vaidades", ou como um "objecto pra inglês ver" - embora, diga-se em abono da verdade, os ingleses cheguem cada vez em menor número! Resumindo, investimos uma fortuna numa infraestrutura que tinha a ambição de ser "para o mundo", mas por "falta de cabeça", por teimarmos em não ouvir quem percebe do assunto, por deixarmos que a lógica partidária influencie a tomada de decisão política e a escolha das lideranças, por falta de capacidade para fomentar o trabalho em rede e partilhado (quer interna, quer externamente), por permitirmos que vaidades pessoais assumam a primazia em detrimento do interesse comum e por termos uma gestão financeira parecida ao argumento de uma comédia britânica, acabamos com um elefante, belo por sinal, em cima da testa. Não tenho nada contra a Casa das Mudas, que fique claro. Tenho, sim, contra a absoluta falta de estratégia com que o Centro foi gerido e que transformou radiosas promessas de gloriosos "amanhãs que cantam" num presente muito pouco dado a afinações.

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