Engenhos temos muitos

O senhor Baeta, ilustríssimo Presidente da Câmara Municipal da Calheta, mostrou mais uma vez o respeito que tem pelo património edificado do seu concelho quando permitiu, em fim de mandato, a demolição completa de um engenho do Século XIX, no centro da vila, para que surgisse uma unidade hoteleira daquelas muito modernas.

"Engenhos temos muitos", justificou Baeta, sem sequer tentar perceber que, mesmo não se tratando de património classificado, a Calheta teria tudo a ganhar com a preservação do edifício e possível integração na nova unidade hoteleira, ganhando um elemento que valorizaria, através da diferenciação, a sua paisagem urbana.

A posição assumida pelo digníssimo e veterano autarca não é surpreendente, atendendo ao passado. Mas custa-me entender como é que os empresários ainda não perceberam que a Madeira não precisa de mais hotéis como aqueles que existem em todo o lado, neste admirável mundo plano. Necessita, sim, de unidades que a diferenciem, que promovam uma oferta exclusiva, à semelhança, por exemplo, daquilo que acontece com as Quintas da Madeira. Nesse sentido, há que aproveitar a mais-valia que é algum dos nosso património histórico edificado, unindo passado e presente. Isto, como é óbvio, se quisermos ter futuro.

Qual o papel da autarquia: é simples, defender o património e procurar sensibilizar os empresários para aquilo que acima escrevi. Baeta está de saída, mas eu temo que uma mudança geracional não seja suficiente. Há que mudar, sim, mas para outro estilo de governação.

Qual o papel do Governo Regional: para além de proteger o património,é também desenvolver, de uma vez por todas, um Plano Estratégico para o Turismo na Madeira, de forma a proteger aquilo que resta e enquadrar o investimento.

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