Agendas

Hoje, lê-se no Diário que o líder parlamentar do PSD reconhece ter sido duro nas palavras que dirigiu ao seu companheiro de bancada e vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira. Provavelmente, prepara-se uma espécie de "paz podre" no seio de um grupo de deputados ao qual só o poder une. Mas mais uma vez, ficou o essencial por discutir. A mim, interessa-me pouco saber se no partido da maioria "a" e "b" são amigos, parceiros, ou outra coisa qualquer. Interessa-me mais constatar que para o Sr. Jaime e para o Dr. Sousa, assim como para muitos dos homens de negócios que pululam na bancada do PSD, o Parlamento continua a ser uma espécie de passatempo, um sítio onde esses mesmos deputados vão "mandar umas postas de pescada" no intervalo da sua actividade empresarial e que por isso deve ser gerido e guiado pelas suas agendas pessoal e profissional. Esta visão, da qual está totalmente excluída a lógica de serviço publico, lógica essa que deveria imperar na actividade política, enfraquece mais a Assembleia aos olhos dos cidadãos do que todas as "alarvidades" do deputado Coelho, já de si suficientemente graves. Não me passa pela cabeça exigir que a actividade parlamentar seja exercida em regime de exclusividade. Essa ideia é redutora e profundamente demagógica, contribuindo para afastar os melhores. Agora, é exigível, e expectável, que os deputados não legislem em seu próprio beneficio. E que percebam que o exercício da actividade parlamentar é um serviço publico, que deve estar acima das agendas pessoais e empresariais. Quem não encara a política assim, deve sair. Para seu bem e sobretudo, para o bem de uma comunidade cada vez mais descrente e que precisa por isso de bons exemplos.

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