Uns tipos do Quatar ameaçam dar cabo do jogo da bola, juntando os maiores 20 clubes numa espécie de liga dourada. Meus caros, quem ainda não percebeu que apesar de fenómeno global, o futebol alimenta-se sobretudo do local, de rivalidades entre bairros, entre vilas, entre cidades e só depois entre países, não percebe rigorosamente nada do assunto.
Para a esmagadora maioria dos madeirenses, um Marítimo-Nacional é um momento importante, tal como um Sporting-Benfica ou um Benfica-Porto para a maioria dos portugueses. Que argentino troca um Boca-River por um qualquer Barcelona-Manchester? Que inglês prefere o Real Madrid-Milan a um jogo do clube da sua cidade?
As rivalidades locais são a alma do jogo tornando-o, depois, global. Mas há quem nunca tenha jogado na rua, contra a rua vizinha, contra o bairro do lado, contra um grupo rival, fazendo de cada jogada um caso de vida ou de morte.
Apetece-me parafrasear um amigo de infância, o Pedro, que após cada suada e "rasgada" vitória, encostava-se à vedação do campo de alcatrão a que chamávamos "Old Traford" e com a bola debaixo do braço, aguardava o momento em que um treinador de futebol que era nosso vizinho dobrava a esquina, no seu habitual passo de corrida. Quando o avistava, gritava, a plenos pulmões e com toda a confiança:
- "Brandão, traz o União!".
Post-Scriptum 1 - Começo de facto a ficar farto de uma espécie de desporto ao qual o dinheiro está cada vez mais a roubar a alma. Como é público, a gente sem alma não vive.
Post-Scriptum 2 - Às vezes, o União vinha mesmo. Chegavam juntos, entravam em campo com o andar gingão dos predestinados, trocavam a bola e tentavam trocar-nos as voltas. Mas as entradas a pés juntos do Pedro - que ao contrário do Jardel, voava sobre o alcatrão - os incentivos do Miguel dirigidos ao Miguel Ferreira (Ferreira, és pan..., ou quê?!), que conduziam a simpáticas marcações de solas de sapatilhas nas camisolas dos intimidados adversários, os passes do Miguel Bettencourt e os golos do Bruno Macedo transformavam aquela espécie de Rio Ave num Manchester em potência.
Para a esmagadora maioria dos madeirenses, um Marítimo-Nacional é um momento importante, tal como um Sporting-Benfica ou um Benfica-Porto para a maioria dos portugueses. Que argentino troca um Boca-River por um qualquer Barcelona-Manchester? Que inglês prefere o Real Madrid-Milan a um jogo do clube da sua cidade?
As rivalidades locais são a alma do jogo tornando-o, depois, global. Mas há quem nunca tenha jogado na rua, contra a rua vizinha, contra o bairro do lado, contra um grupo rival, fazendo de cada jogada um caso de vida ou de morte.
Apetece-me parafrasear um amigo de infância, o Pedro, que após cada suada e "rasgada" vitória, encostava-se à vedação do campo de alcatrão a que chamávamos "Old Traford" e com a bola debaixo do braço, aguardava o momento em que um treinador de futebol que era nosso vizinho dobrava a esquina, no seu habitual passo de corrida. Quando o avistava, gritava, a plenos pulmões e com toda a confiança:
- "Brandão, traz o União!".
Post-Scriptum 1 - Começo de facto a ficar farto de uma espécie de desporto ao qual o dinheiro está cada vez mais a roubar a alma. Como é público, a gente sem alma não vive.
Post-Scriptum 2 - Às vezes, o União vinha mesmo. Chegavam juntos, entravam em campo com o andar gingão dos predestinados, trocavam a bola e tentavam trocar-nos as voltas. Mas as entradas a pés juntos do Pedro - que ao contrário do Jardel, voava sobre o alcatrão - os incentivos do Miguel dirigidos ao Miguel Ferreira (Ferreira, és pan..., ou quê?!), que conduziam a simpáticas marcações de solas de sapatilhas nas camisolas dos intimidados adversários, os passes do Miguel Bettencourt e os golos do Bruno Macedo transformavam aquela espécie de Rio Ave num Manchester em potência.
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