Jesus

Acho graça aos defensores de Jorge Jesus. Os números são demasiado claros para sequer se questionar a falta de capacidade do dito para treinar o Benfica. Em quatro anos, com orçamentos altíssimos, com contratações milionárias, com plantéis de enorme qualidade, o bom do Jesus ganhou... 1 campeonato! (parto do princípio que o Porto vencerá hoje o Paços). Três segundos lugares sabem a muito pouco, para o investimento que faz o Benfica.

Nas competições europeias perdeu uma meia-final para o Braga, perdeu uma final (após ter tombado da champions" num grupo onde se apurou o Celtic de Glasgow, esse potentado do futebol europeu) e foi aos "quartos de final" da Liga dos Campeões. Apesar de tudo, e dado o passado recente da rapaziada da Luz, não é mau.

Creio que nenhum treinador teve, nos últimos anos, em Portugal, tantas condições para desenvolver o seu trabalho como Jorge Jesus. Creio por isso que nenhum treinador falhou tanto, em Portugal, nos últimos anos, como Jorge Jesus.

O exemplo oposto é o de Vítor Pereira. Partindo do pressuposto de que o FCP é campeão esta tarde, o "Bitinho" faz o pleno: duas temporadas, dois campeonatos ganhos.Tem como ponto fraco as presenças europeias. À época de estreia, a Liga dos Campeões correu pessimamente ao Porto, despromovido para a UEFA num grupo manifestamente fraco (Zenit e Apoel foram os apurados). Esta época, a eliminação com o Málaga, nos "oitavos", também não merece grande reconhecimento.

Pereira tem, contudo, uma desculpa. O plantel do FCP, nos últimos dois anos, não permite que a equipa esteja em várias competições ao mesmo tempo. Com lesões e com o desgaste da época torna-se manifestamente curto, pois entre quem joga habitualmente e quem habitualmente está no banco existe uma distância de quilómetros.

As equipas de Jesus jogam bonito. É verdade, são como as de Peseiro, jogam bonito mas não ganham. As equipas de Vítor Pereira não jogam bonito. É verdade, mas ganham.

Mais vale cair em graça do que ser engraçado? Essa é que parece ser a verdade no meio disto tudo. Se calhar, a única.

Nota: No futebol, tudo muda tão depressa que se calhar, às oito da noite Jesus tem dois campeonatos no bolso e eu meto a viola no saco...