Churchill e o Funchal

 Decorria a II Guerra Mundial quando o responsável pela Cultura do Governo Britânico mostrou disponibilidade para reduzir o Orçamento em favor do esforço de guerra. Churchill respondeu-lhe dizendo que se fosse para reduzir o dinheiro para a Cultura, o conflito armado não valeria a pena. Serve isto para dizer que muitos governantes, em época de crise, têm tendência para desinvestir na área cultural. A ideia é inclusivamente popular entre parte da população , pelo menos a menos informada. Mas é um erro. Desinvestir, e dar menos atenção à Cultura, apenas porque a “crise aperta”, é hipotecar o futuro. Representa, na melhor das hipóteses, o prolongamento da crise que justificou os tais cortes. Churchill, que sabia muitas coisas, também sabia esta. Quem me lê entende que que não defendo que os agentes culturais sejam subsídio-dependentes. Não advogo que a Cultura seja dependente do poder público, porque isso a torna... dependente. Há, no entanto – sendo essa uma das tarefas nucleares do poder político -, que contribuir para criar um ambiente propício ao desenvolvimento cultural e criativo, apostando em ser instrumento facilitador de parcerias, na educação cultural,  na cedência de espaços para serem dinamizados pelos agentes culturais, na desburocratização de processos e procedimentos, no apoio à criação de redes internas e externas, na legitimação de práticas culturais, no apoio às práticas culturais de cariz minoritário ou etnográfico (contribuindo, neste último ponto, para a criação da memória) – apoio esse que deve ser transparente e com critérios claros. É este o caminho que defendo para a Cultura na Cidade a que chamo minha. Uma posição suficientemente clara para não deixar dúvidas.

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