Nadal versus Djokovic



Terminou ontem a época de ténis. Terminou não, porque ainda falta disputar a final da Taça Davis, entre a Sérvia, de Djokovic, e a República Checa, de Berdych, que se desloca a Belgrado no próximo fim-de-semana sem o seu capitão, uma vez que Jaroslav Navratil está hospitalizado em Praga.

A vitória de Novak Djokovic frente a Rafa Nadal ontem, em Londres, no Torneio dos Campeões - último grande evento de singulares do ano - foi a vingança do servio face às derrotas sofridas há dois meses na final do US Open e na meia final de Roland Garros.

Resumindo a época, Nadal regressou ao topo, ultrapassadas as lesões, tendo vencido 10 dos 17 torneios em que entrou, entre os quais Roland Garros e o já referido US Open, os masters 1000 de Roma, Madrid, Barcelona e Indian Wells.

O maiorquino enriqueceu o seu vasto currículo, que inclui já 60 vitórias em torneios ATP, sendo 13 grand slam (8 Roland Garros - recorde absoluto - 2 Wimbledon, 2 US Open e 1 Open da Australia), 26 masters 1000, 1 torneio olímpico.

De negativo este ano, três derrotas contra Djokovic nas finais de Monte Carlo, Pequim e Torneio dos Campeões e, sobretudo, a ridícula eliminação face ao belga Darcis, na primeira ronda de Wimbledon, algo inédito na carreira do espanhol.

Djokovic, por seu lado, venceu o Open da Austrália pela quarta vez, terceira consecutiva (o único grand slam que conseguiu em 2013, embora tenha jogado as finais do US Open e de Wimbledon), em Monte Carlo, em Pequim, em Shangai e no Torneio dos Campeões.

Ao servio, falta Roland Garros para conseguir o grand slam. Será em 2014? Em 2012 foi finalista, este ano esteve nas "meias"... Anda lá perto. No total, Djokovic acumula 41 vitórias em torneios, sendo 6 grand slam e 18 masters series 1000.

A época parece ter confirmado que Roger Federer já não tem capacidade física para grandes resultados. Em 2013 venceu em Halle, na Alemanha, ainda conseguiu ir à final de Roma, perdida para Nadal, e de Basel, perdida para Del Potro. De resto, algumas meias finais - o resultado mais significativo foi alcançado no Open da Austrália, onde perdeu o acesso à final contra Andy Murray - e algumas eliminações comprometedoras em rondas iniciais de eventos importantes, acabando a temporada num impensável 6º lugar. Muito mau para um dos melhores - se não o melhor - de sempre, vencedor de 17 grand slam, 21 masters series 1000 e 33 torneios entre ATP 500 e ATP 250.

Andy Murray atingiu o estatuto de herói nacional da Grã-Bretanha, após a vitória estrondosa em Wimbledon. Foi à final do Open da Austrália , ganhou em Miami e no Queen's. Lesionou-se e termina em quarto, atrás do espanhol Ferrer, que atinge o seu melhor ranking de sempre, depois de ter ganho, em 2013, dois torneios, Buenos Aires e Auckland. Curiosamente, fez uma temporada boa, com presenças nas finais de Roland Garros, Paris (master 1000), Miami (master 1000), Estoril (perdeu a final para o suíço Wawrinka), Acapulco, Estocolmo e Valência, acaba em terceiro, mas ganhou menos títulos do que em 2012 - Paris (master 1000), Valência, Bastad, Hertogenbosch, Acapulco, Auckland e Buenos Aires.

Os 10 primeiros ficam fechados com Del Potro (número 5), vencedor de 4 torneios este ano, Berdych (número 7), que ganhou dois torneios, Wawrinka, o número dois suíço que atinge a sua melhor posição de sempre (8), tendo vencido no Estoril, e dois franceses, Gasquet (9), que ganhou em Moscovo, em Montpelier e em Doha, e Tsonga, que venceu em Marselha.

O jovem canadiano (22 anos) Raonic aproxima-se dos dez primeiros - este ano venceu dois torneios, em Banguecoque e em San Jose. É 11º mas chegou a ser 10º em Agosto. O veterano alemão Tommy Haas lá vai sobrevivendo e é 12º depois de ter vencido em Viena e Munique (recorde-se que Haas chegou a ser 2º em... 2002), o espanhol Almagro é 13º, tendo ganho este ano em Nice e São Paulo.

A mostrar a profunda crise porque passa o ténis norte-americano,o primeiro classificado oriundo da Terra do Tio Sam é John Isner, que levou para casa os troféus de Atlanta e Houston e é 14º. Por falar em crise, o primeiro russo aparece em 15º, Youzhny, jogador já com 31 anos, o primeiro australiano é o jovem Tomic, que este ano venceu em Sidnei e que acaba a época em 51º do mundo.

O melhor sueco é Markus Eriksson, no espantoso lugar nº 417! Nada mau para um país que já apresentou ao mundo jogadores como Borg (disputa com Federer, Sampras e eventualmente Nadal o título do melhor de sempre), Edberg, que venceu 6 grand slam e foi número 1, Wilander, que também liderou o ranking mundial e venceu 33 torneios, entre os quais 7 grand slam, Soderling, que ainda há pouco tempo andava por aí, tendo chegado a número 6 do mundo e perdido duas finais de Roland Garros, Johansson, que venceu o Open da Austrália em 2002, Magnus Norman, finalista de Roland Garros em 2000, tendo perdido com o brasileiro "Guga" Kuerten, entre outros.

De Portugal pode ter surgido finalmente de um bom jogador. João Sousa foi o primeiro português a vencer um torneio ATP, em Kuala Lumpur, e termina o ano em 49 do mundo, sendo também o primeiro luso a entrar no top 50.

Em 2014 esperam-se mais episódios da guerra Nadal-Djokovic, que se nada de estranho acontecer, lutarão ombro a ombro pelo primeiro lugar do ranking. De Murray e de Ferrer esperam-se algumas flores e presenças em meias-finais e finais, mas não que atinjam o Olimpo. Quanto a Federer, se insistir em continuar não terá, na minha opinião, grandes condições para inverter a queda.

João Sousa terá de confirmar a evolução se quiser subir uns lugares ou manter-se entre os 50 melhores.

Já agora, para quando o aparecimento de jovens jogadores que consigam ombrear com os primeiros? Ou pelos menos, fazê-los correr mais... É que isto assim não tem grande graça.

É esperar para ver o que fazem Raonic (21 anos), o japonês Nishikori (23), o búlgaro Dimitrov (22), o polaco Janowicz, ou o canadiano Pospisil (22). Estão (quase) todos nos 30 primeiros (Pospisil é 32º), são jovens e têm potencial. Mas tardam em aproximar-se dos maiores.

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