Insuficiente




O Diário notícia hoje que a CMF abriu concurso para o Funchal Jazz. Um concurso poupadinho, mas que era necessário fazer, há que admitir. Mas o principal problema do Funchal Jazz não é de custos, é de conceito. Poupar nos custos sem alterar o conceito do evento é desaproveitar uma oportunidade.

Seria mais avisado parar o evento durante um ano, repensar o modelo e, em 2015, surgir de cara lavada.

No que respeita a um novo modelo, entendo que devemos partir do princípio de fazer de cada evento organizado por entidades externas uma oportunidade para criar redes de distribuição de produtos culturais e criativos locais para fora da Região.

No caso do Funchal Jazz, deveria ser incluído, no regulamento do concurso, a obrigatoriedade da produtora vencedora garantir que uma ou mais bandas ou músicos da Região tocassem em eventos fora da ilha, organizados ou com participação da dita produtora, durante um ano.

O festival deveria ainda possibilitar os pontos de contacto entre os músicos que vêem de fora e os músicos da Região, criando mais momentos de networking.

Teria obrigação, finalmente, de contribuir para a descentralização dos eventos culturais na cidade e para a sua democratização. Como? Eu entendo que o Funchal Jazz não se deveria cingir ao Parque de Santa Catarina. Deveria ser um conjunto de concertos, necessariamente mais pequenos, num espaço temporal mais alargado, em diferentes pontos do concelho, envolvendo bandas e instrumentistas da Região e de fora. Deveria encerrar com uma noite no parque, na qual tocariam os cabeças-de-cartaz.

Resumidamente, a noite do Parque seria o culminar de um mês de jazz nas ruas, nas praças, nos centros cívicos e em outros espaços da cidade, abarcando espectáculos de diferentes géneros jazzisticos, mostrando aquilo que de mais novo se faz em Portugal e na Europa, possibilitando mais interacção entre quem vem de fora e quem faz música cá.

O concurso que hoje o Diário notícia é um passo evolutivo necessário, torna as coisas mais transparentes - a questão do registo da marca é quase surrealista - mas não é suficiente.


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