Os
números do turismo em Portugal, e também na Região, são animadores. O
crescimento é evidente e, neste momento, o grande desafio que se coloca é
começar a vender melhor, valorizando os produtos.
Para
o fazer, é fundamental assumir um compromisso nacional (e regional) em torno do
sector, encarando-o como prioritário. O problema é ver agentes que estão
diretamente relacionados com o turismo começar a falhar.
É o
caso da TAP. Nos últimos dias, cancelou uma série de ligações para países
europeus (uma média de 3 voos cancelados por dia, num total de 350). Nas
últimas semanas, tem atrasado sistematicamente os voos para a Madeira.
A
companhia aérea de bandeira justifica-se com a falha na entrega de seis novos
aviões, que necessitam ainda de certificação. São “dores de crescimento”, diz
Fernando Pinto, Presidente da TAP, assegurando que serão “sanadas em Agosto”.
A
justificação, no entanto, carece de sustentabilidade. Se os aparelhos iriam ser
entregues quase no início da época alta e numa fase de lançamento de novas
rotas, mandaria o bom senso que tivesse sido elaborado um plano b suficientemente forte para fazer face a possíveis atrasos, atrasos
esses que acabaram por materializar-se.
É tempo
de chamar a TAP à responsabilidade, uma vez que o esforço dos hoteleiros, dos
trabalhadores da hotelaria e de todos os agentes que, direta ou indiretamente,
estão ligados ao sector turístico, não merece ser desvalorizado.
No
caso específico da Região (e dos Açores), os prejuízos estendem-se diretamente
a quase toda a população, completamente dependente do transporte aéreo para
deslocar-se, ainda por cima numa época de regresso de estudantes e de férias de
emigrantes e de migrantes. (Isto sem sequer falar dos preços praticados pela
companhia, que condicionam em muito a mobilidade dos portugueses da Madeira e do
Porto Santo e o crescimento do mercado turístico nacional, que começa,
lentamente, a recuperar...).
Não
deixo de enaltecer o crescimento da TAP. Só nos primeiros seis meses deste ano,
a companhia transportou 5 milhões de passageiros, mais 7,2% do que em 2013,
voando com uma taxa média de ocupação dos aviões na ordem dos 80%.
Desde
Junho, abriu 10 novas rotas, seis na Europa e quatro na América do Sul.
Contratou 600 trabalhadores.
Mas parafraseando
Fernando Pinto, o crescimento traz dores. Mas traz também um aumento de
responsabilidade.
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